Olá! Tudo bem?
Hoje (terça-feira, dia 7) faz uma semana que eu tive o prazer e o desprazer de assitir ao Tim Festival. Antes que os ânimos se exaltem, eu explico: tive o prazer de não precisar enfrentar horas de ônibus ou morrer numa grana razoável numa passagem de avião, para ver grandes bandas como as presentes no Tim.
Infelizmente, e aqui entra o desprazer, o público presente pareceu não entender qual é a idéia de juntar num mesmo festival grupos tão díspares como Nação Zumbi, DJ Shadow, Patti Smith, Yeah Yeah Yeahs e Beastie Boys. Mas será que são mesmo díspares? Talvez não, como eu pretendo mostrar nessas mal traçadas linhas.
A Nação Zumbi tem como característica a fusão de ritmos regionais a outros tão diversos como rock, black e eletrônica (sim, porque eletrônica não é só a famigerada euro-dance que toca à exaustão nas rádios), o chamado Mangue Beat, e já teve como produtor Mário Caldato Jr., produtor de ninguém menos que os Beastie Boys. Os mesmos Beastie Boys que fazem do rap uma ponte para o funk e o rock, e mostram através do trabalho do seu DJ, Mix Master Mike, que DJs não são meros trocadores de discos, o que parece ser um consenso entre os "puristas" . Durante o show, ele dá uma aula de ecletismo, usando músicas de grupos aparentemente sem conexão alguma, como Rush, Chemical Brothers e Punjabi MC para criar novas bases para as músicas dos BB.
Essa fusão sonora também é a bússola de Josh Davis, o DJ Shadow. Usando elementos de hip-hop, funk, rock, ambient, jazz, soul, entre outras influências, DJ Shadow conseguiu criar dois dos melhores álbuns da década passada, "Endtroducing", seu álbum de estréia (1996) e "Psyence Fiction"(1998), primeiro disco do projeto UNKLE, com a parceria do produtor James Lavelle, que conta com a participação de Tom Yorke (Radiohead), Richard Ashcroft (do extinto The Verve), Jason Newsted (ex-baixista do Metallica), Ian Brown (ex-Stone Roses), Money Mark (o Mike D, dos Beastie Boys), e o rapper Kool G Rap, nome histórico do gênero, entre outros.
Tentar arrolar o "currículo" de Patti Smith seria no mínimo deselegante, além de existirem pessoas mais qualificadas do que eu para falar dela. De qualquer modo, deixo aqui um link para quem não sabe quem ela é e qual a importância dela na história da música.
Quanto ao Yeah Yeah Yeahs, confesso minha quase total ignorância a respeito da história do grupo, e como não gosto de opinar sem propriedade, convido algum dos colegas do blog a se manifestar a respeito. Posso dizer, porém, que talvez eu tivesse gostado mais do show se o som não estivesse alto a ponto de incomodar, mesmo eu já estando habituado a ouvir música em alto e bom som, e já meio surdo por conta dos anos de discotecagem.
A essa altura, você que está lendo este post deve estar se perguntando "tá, e o que tudo isso que você escreveu tem a ver com a tal idéia de juntar esse pessoal no Tim, e porque o público não entendeu?"
A idéia é simples: um festival como este é uma rara oportunidade (pelo menos aqui, em Curitiba) de celebrar a música, em todas as suas formas, sem preconceito, o que infelizmente não foi o que eu percebi. Não estou julgando ninguém, mas a reação fria do público diante do DJ Shadow (e da Patti Smith) sugere que as pessoas tendem a se acomodar, justamente numa época em que o acesso à informação é tão fácil, como nos dias de hoje. É cômodo sentar na frente da TV e assistir à MTV, é cômodo sintonizar o rádio nesta ou naquela estação e ficar ouvindo aquilo que a mídia quer que você (ou eu) ouça ou assista, quando o ideal seria que as pessoas pesquisassem e formassem a sua própria opinião. Claro, não estou generalizando, mas isso parece ser cada vez mais comum. Obviamente, você não é obrigado a gostar disso ou daquilo, mas conhecer mesmo as coisas de que você não gosta te dá uma visão da música como um todo, além de fazer com que você respeite o trabalho do artista, goste você ou não dele.
Enfim, espero que este seja o primeiro de vários festivais em Curitiba, e que nos próximos todos os artistas recebam os apalusos e o respeito que merecem.
Falou o Hermes ; )
ResponderExcluirEu me surpreendi com a quantidade de gente, depois de imaginar que estaria mais vazio devido aos rumores de que a venda estava bem fraca. Apesar da recepção do público, e sua "comoção" com as bandas, ao menos estiveram lá e aí já é um princípio à formação de melhor opinião a respeito da música, em geral.
Também desejo que para os organizadores e patrocinadores tenha sido bom realizar o evento aqui e que, sim, por favor, a edição se repita!
; )
mas houve tantas críticas assim? pelo menos eu só ouvi falar muito bem desta fusão, quando na minha vida, depois de ler Please Kill Me eu iria imaginar ver a Patti Smith? E quando imaginaria ver em curitiba a maior banda da minha adolescência, Beastie Boys. Parabéns ao Tim Curitiba! Arre!
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